“ A escola deixará de ser talvez tal como nós a concebemos. Com estrados, bancos, carteiras: será um teatro, uma biblioteca, um museu, uma conversa.”
Leon Tolstoi
A proposta deste trabalho foi acontecendo ao longo do ano dando cumprimento ao estipulado no Decreto – lei 54/2018, (art.º 13.º, Capítulo III) Centro de Apoio à Aprendizagem (CAA), cujos objetivos são, entre outros, apoiar a inclusão das crianças e jovens no grupo-turma e nas rotinas e atividades da escola, na diversificação de estratégias de acesso ao currículo; promover e apoiar o acesso à formação e à integração na vida pós-escolar; promover e apoiar o acesso ao lazer, à participação social e à vida autónoma.
Tentaremos trazer a este discorrer digressivo a nossa intencionalidade pedagógica e como suporte de apoio, o seguinte parágrafo exemplarmente esclarecedor:
“É bem conhecida a distinção entre conhecimentos científicos, o bom professor tem que conhecer bem a matéria que ensina; competências metodológicas, o bom professor tem que saber como transmitir os conhecimentos; competências pessoais, o bom professor tem que ter qualidades humanas e um bom relacionamento com os alunos” (Maria Emília Bredero de Santos, os Aprendizes de Pigmaleão, 1985,p.36)
Esta classificação corresponde ao “saber”, “saber fazer”, e “saber ser” que não é, nada mais, nada menos, o trabalho que fazemos todos os dias com os alunos, na escola que todos somos. O lugar onde aprendemos, a motivação que buscamos nas coisas simples têm na sua génese, para além do planeamento, a execução e a avaliação do projeto está, sem dúvida, a intenção afirmativa e inequívoca da criação e da alegria. A capacidade de dar e receber, entenda-se, de ensinar e de aprender reside no que é fácil por ser motivador, por sabermos que o êxito está lá! Mais à frente!…
Num percurso e num tempo organizado (cadenciado em datas comemorativas) que serviu para desorganizar os modelos, os conceitos e práticas que definem a forma como algo é entendido ou apreendido. Reorganizar, reconstruir, criar teias de entendimento que ajuste um currículo à realidade, dar forma, dar tempo, recriar, rir, desenhar, ler, procurar, calcular… mergulhados numa imensidão de propostas que foram garantidas ao longo do ano escolar em aprendizagens ativas nos contextos da vida de todos os dias, para nós professores e para os nossos alunos.
Fácil?! Nem tanto assim, mas a alquimia que conserva a jovialidade, no decorrer dos anos é sempre retribuída pelos nossos alunos que, em doses renovadas, a devolvem intacta. Muitas vezes é desta comunhão que buscamos forças e temos o privilégio de nos renovarmos, mesmo ao imprevisível, com o abandono consciente das condutas pedagógicas e metodológicas preestabelecidas em troca da qualidade humana e preparar os alunos para as discretas heroicidades do quotidiano. Nisto é preciso ser-se insubmisso perante tantas fatalidades programáticas e resmas de papel de “faz de conta” (meu Deus como é difícil!) às quais estes jovens são alheios, continuando com a missão de sermos professores.
A amostra do trabalho realizado aqui é só uma questão prévia que nenhuma pedagogia de libertação e de criatividade deve ignorar. Apenas o recrear incessante dos momentos vividos que o tempo leva e volta a pôr tudo no lugar, ou então, para que seja de facto possível sonhar. No dia-a-dia de fazermos com todos e com tudo, o que estes jovens/meninos desfasados das suas vidas têm (ou não têm!); há que magoarmos as nossas mãos no presente e não apenas verbalizar o sonhado.
É hoje, é agora….Precisamos de ajuda e de entendimento! A Escola Inclusiva precisa e os alunos de educação especial particularizam esta urgência.
Para terminar, sem sermos lamechas diríamos que “não há verdadeira educação que não seja poética.” E que o documentário seja visto com rigor no trabalho, mas poesia no coração!
As professoras:
Ana Maria Martins e Maria Helena Silva