projeto Tertuli_ando | 3.ª tertúlia: “Viver com as tecnologias na atualidade”

“Descobre a senha” foi a atividade que deu início, no dia 27 de março, à terceira tertúlia intitulada “Viver com as tecnologias na atualidade”. Para entrar na Sala do Futuro os alunos do Clube Ubuntu tiveram de responder a quatro perguntas e apresentar a senha com cinco caracteres, registada no cartão que foi previamente distribuído. O moderador Martim e a educadora Raquel, verificaram à entrada se as respostas estavam corretas e ninguém ficou de fora, pois todos os alunos do 9.º D,  conseguiram ultrapassar o desafio.

Com todos a postos nos seus lugares, o moderador Martim abriu a tertúlia explicando a sequência dos assuntos a abordar pelos tertulianos. A educadora Bernardete, com a apresentação de um diapositivo, explanou os subtemas de acordo com um fio condutor, começando pelas redes sociais (Vicente) e internet (Luana) e continuando com o impacto das tecnologias na família (Beatriz), na sociedade (Jonatas) e na civilização (Lucas). No decurso da tertúlia, os restantes alunos foram fazendo a sua inscrição, acrescentando novas informações.

Em relação às redes socias, foram apontados como aspetos positivos a comunicação fácil, a maior aceitação pelo grupo de pares, ou a criação de uma maior rede de contactos; o isolamento social, sedentarismo, diminuição do rendimento escolar, dificuldades em estabelecer relações e sintomatologia ansiosa e/ou depressiva foram as consequências negativas indicadas, nomeadamente a “depressão do facebook” (tristeza ou angústia por não estar em contacto com os outros) e o “toque fantasma” (sensação de estar a ouvir o telemóvel a tocar ou vibrar). Os tertulianos referiram ser notórios o desagrado, a alteração de humor e o sentimento de angústia dos jovens quando não conseguem aceder às redes sociais por falha ou falta de internet.  Alertaram, ainda, para os cuidados a ter na informação que é partilhada e com os desafios que são lançados nas redes sociais. As vantagens e desvantagens das redes sociais também foram assunto para reflexão.

Interferido  na forma como comunicamos, o uso da internet deve ser equilibrado e não proibido. O afastamento entre os familiares não é responsabilidade apenas das tecnologias, mas consequência do grau de união, de diálogo e de intimidade que compartilhavam antes da sua chegada. A internet é fonte de aquisição de conhecimentos e permite um contacto mais facilitado com aqueles que amamos, mas estão longe. Por questões de segurança, ficou o alerta de que devem ser utilizadas senhas fortes, evitar sites não confiáveis, fazer sempre logout e manter o navegador atualizado. Como ainda não se inventou um smarthphone que sinta e retribua sentimentos e afetividade, os tertulianos valorizaram a presença física e a oportunidade de abraçar como importante para a saúde mental.

A família não está imune às mudanças produzidas pelas tecnologias. Elas aproximam pais e filhos, permitem a partilha de informações entre gerações, facilitam a comunicação em qualquer lugar e hora, dão a sensação de estar presente ainda que ausente. Contudo, o tempo gasto no uso das tecnologias tem afetado o ambiente familiar: afastamento, distanciamento afetivo, dificuldade em partilhar, falta de diálogo. As relações reais passaram a ser virtuais. Os tertulianos alertaram para o facto de os pais e encarregados de educação estabelecerem um horário e limitarem o tempo de uso das tecnologias em família. Sendo eles uma referência para os filhos, devem dar o primeiro passo. Num estudo norte-americano, 62% das crianças reclamaram que “os pais estão distraídos demais para ouvi-los”.

O surgimento das tecnologias trouxe benefícios para a sociedade, nomeadamente a flexibilidade e a praticidade para resolver assuntos pendentes. O impacto fez-se sentir na educação, na comunicação, no trabalho e processo produtivo e nas relações sociais. No setor da educação os materiais analógicos (cadernos, livros…) foram sendo substituídos pelo digital, que se expandiu com o ensino à distância devido à Covid-19.

“Progresso ou retrocesso civilizacional?” foi a questão que encerrou as apresentações. Ciência e técnica têm consequências que devem ser ponderadas e limites que devem ser observados para bem da Humanidade. A crise da razão, o individualismo, a alteração de conceitos e a “relativização difusa de valores” conduziu à “era do vazio”, ao reinado da máquina que tudo faz, tudo resolve e em que o Homem é dispensado de pensar. Efetivamente, avançam de forma rápida tecnologias, máquinas, equipamentos…, mas este desenvolvimento não está a ser acompanhado pelo incremento moral, essencial para a melhoria contínua do ser humano e para a convivência em comunidade.

E porque falamos de tecnologias, o encerramento da tertúlia fez-se com um quiz sobre os assuntos abordados e o vencedor, Leandro Fernandes, recebeu uma pequena lembrança – uma caneta BIC, que marcou a tecnologia da segunda metade do século XX.

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