projeto Tertuli_ando | 4.ª tertúlia: “Família e afetividade”

O Clube Ubuntu associou, na 4.ª tertúlia, os projetos Tertuli_ando e Musicoterapia, com mais uma sessão de partilha e enriquecimento, desta feita sobre “Família e afetividade” e com a apresentação do Hino Ubuntu.

No dia 8 de maio, encontraram-se, no Ginásio 2 da escola, os alunos do 9.º D e a responsável pelo Clube, Bernardete Tavares, com os alunos do 8.º D e do Clube de Música, a Coordenadora de Projetos, Ana Ribeiro, a professora de Música, Sara Silva, as Psicólogas Escolares, Clara Sousa e Isabel Ferreira, a representante dos encarregados de educação, Dulce Pontes, e a Dr.ª Maria João Ferreira, da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens.

Com todos a postos, a moderadora, Bernardete Tavares, deu início à tertúlia com uma breve introdução em que explicou o funcionamento da tertúlia, nomeadamente a inscrição para falar, levantando o dístico “mão aberta” de cor verde, que simboliza os cinco pilares Ubuntu.

Seguidamente foi dando a palavra, de forma alternada, à convidada Dr.ª Maria João, e aos tertulianos, Guilherme, Diogo, Leandro Monteiro, Leandro Fernandes e Paulo, que abordaram o conceito de família, os tipos de família, a importância de ser criança,  o envolvimento nas tarefas domésticas e os valores familiares.

Em relação ao conceito de família, o tertuliano Guilherme deixou claro que, a partir de meados do século XX, passou-se da família extensiva ou alargada para a família nuclear e que, em 1994, a organização Mundial da Saúde, colocou a tónica no eixo relacional, sublinhando a importância de ultrapassar os laços biológicos. E acrescentou-se que se considera “uma família funcional quando os limites entre os seus elementos são claros, havendo ligações sólidas entre os elementos de cada subsistema, a chefia é bem aceite pelos chefiados e as responsabilidades são assumidas e partilhadas em situações difíceis”.
De seguida, o tertuliano Diogo apresentou os tipos de família, a saber: díade nuclear (união homem/mulher, sem filhos), nuclear (uma só união entre adultos e um só nível de descendência), alargada (na qual coabitam ascendentes, descendentes e/ou colaterais por sanguinidade ou não), com prole extensa (composta por pais, filhos, avós…), reconstruída (nova união conjugal com ou sem filhos de anteriores relações; é também designada de família combinada ou recombinada), homossexual (união conjugal entre duas pessoas do mesmo sexo), monoparental (um só progenitor coabita com os seus descendentes), unitária (uma só pessoa que vive sozinha), adotiva (família que adotou uma ou mais crianças não consanguíneas), acordeão (família em que um dos cônjuges se ausenta por períodos prolongados ou frequentes tais como militares, emigrantes, motoristas de pesados…), descontrolada ou desestruturada (família em que existe um membro com problemas crónicos de comportamento por adição…).

 Sobre a importância da infância, o tertuliano Leandro Monteiro, referiu que “crescer e aprender” são as palavras de ordem quando somos crianças, mas deveria ser a palavra “viver”o presente, as experiências,  as descobertas, as aprendizagens. Viver para podermos ser no futuro. O truque para uma vida adulta feliz com liberdade e responsabilidade vem de em criança sermos capazes de assumir as nossas tarefas, responsabilidades, direitos e deveres. Se conseguimos fazê-lo em crianças, certamente saberemos fazê-lo da melhor forma possível em adulto. A infância é a fase chave para um futuro feliz, mas é preciso sermos crianças “para a vida toda”, pois é essa criança que permitirá continuar a querer crescer, a explorar, a aprender, a viver como pessoa feliz. Esta criança livre na sua criatividade, que aprendeu a cuidar das suas tarefas, que riu quando quis rir, chorou quando precisou de chorar, fez traquinices quando decidiu que as queria fazer é a essência do adulto que será. E nada melhor na vida do que sabermos qual a nossa essência e de sentirmos que a vivemos em todos os nossos instantes.

A este propósito, inscreveram-se vários convidados para falar, tendo sido realçados aspetos particulares da infância de cada um e apresentados testemunhos de vivências positivas e marcantes. A Dona Dulce Pontes também pediu a palavra, falando da sua experiência como mãe e fazendo a sua autorrevelação no que diz respeito à forma com educou os filhos.

A Dr.ª Maria João realçou a importância das regras e do acompanhamento sistemático das criança, aproveitando a moderadora para fazer uma alusão aos tratados de pedagogia grega em que Protágoras escreveu: “Logo que a criança começa a compreender o que lhe dizem, a ama, a mãe, o pedagogo e até o próprio pai se esforçam por que ela se torne o mais perfeita possível. A cada acção ou palavra que lhe ensinam, apontam o que é justo e o que não é, que isto é belo e aquilo vergonhoso, que uma coisa é piedosa e outra ímpia e “faz isto”, “não faças aquilo”. “

O tertuliano Leandro Fernandes,  referiu a importância de envolver as crianças no contexto familiar e enumerou as tarefas domésticas que lhes devem ser atribuídas, de acordo com as idades, de forma gradual, seguindo a tabela apresentada. Também aqui as inscrições para falar foram inúmeras e os presentes reforçaram a ideia de que, ao participarem na vida da família, as crianças aprendem fazendo, adquirem autonomia, preparam-se para o futuro e há uma maior proximidade entre os cuidadores e as crianças, o que representa uma mais-valia em termos afetivos, de segurança e de autoestima.

Finalmente, passou-se à temática dos valores familiares, em que o tertuliano Paulo definiu os valores familiares como sendo “os preceitos, normas ou acordos que orientam os membros de cada família para uma convivência harmoniosa, fluida e equilibrada”. De facto, os valores familiares orientam as atitudes, os interesses e os pensamentos relacionados com o desenvolvimento humano. A noção do bem e do mal não é algo inato nas crianças; são os adultos com a sua forma de aprovar ou desaprovar certas atitudes que proporcionam as normas. Por exemplo, a partir dos 3 anos, o bem é o que deixa a mãe tranquila e alegre, e o mal o que a deixa aborrecida. E assim nasce a consciência moral da criança!

 A moderadora remeteu os presentes para o painel onde se encontravam afixados os cartazes que tinham sido produzidos pelos alunos do 9.º D numa das sessões do Clube Ubuntu em que foi tratada a temática dos valores da família. De entre uma infinidade de propostas apresentadas, os alunos elegeram os seguintes para produzirem os cartazes: atenção, convívio, compreensão, comunicação, confiança, empatia, estar presente, felicidade, harmonia, respeito, união… Alguns dos alunos foram desafiados, pela moderadora, a justificarem a sua opção e fizeram-no com muito cuidado e convicção.

 A Drª Maria João fez referência ao facto de o mês de abril ser o Mês Internacional da Prevenção dos Maus-Tratos na Infância, ao qual a CPCJ se associa. Perante o desafio lançado aos presentes sobre o significado do laço azul, a Psicóloga Escolar, Clara de Sousa, esclareceu que a Campanha do Laço azul teve início na Virgínia, nos Estados Unidos, e é assinalada mundialmente, pretendendo promover a proteção das crianças contra os maus-tratos na infância e está associada a uma avó que perdeu os dois netos, vítimas de violência, e que escolheu o azul por lembrar os seus hematomas. A moderadora aproveitou para lembrar que o dia 15 de maio é o Dia da Família e que todos os tipos de família devem ser respeitados.

No final, todos juntos, cantaram o Hino Ubuntu que foi construído pelos alunos do 9.º D com o apoio da educadora Raquel Lourenço, responsável pelo Projeto Musicoterapia. Na tertúlia, tiveram o prestimoso apoio da professora Sara Silva, que os ensaiou e acompanhou neste desafio.

Esta sessão terminou com a partilha de um lanche proporcionado pela educadora responsável pelo Clube e pela representante dos encarregados de educação do 9.º D, presente na Tertúlia.

É de realçar a postura correta dos alunos, demonstrando interesse, empenho e dedicação, mas sobretudo muita maturidade na abordagem dos assuntos. Estes alunos Ubuntu cresceram em valores e tornaram-se pessoas excelentes, capazes de “voar” seguindo os seus sonhos e aptos a construir famílias de amor, de respeito, de empatia, de interajuda e de solidariedade.

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